terça-feira, 22 de outubro de 2024

É preciso paciência!

 


Minha frase favorita para falar de paciência não é de nenhum pensador oriental ou ocidental. Não consta em manuais de auto ajuda. Não seria citado por um psicólogo famoso em uma palestra importante. Jamais ganharia uma tese. Porque dá para ser cantada: "Debulhar o trigo. Tirar do trigo o milagre do pão". Verso do Milton Nascimento. 

Nessa frase ele resume a virtude da paciência, essa mesma que nos falta todo dia, pelo menos uma ou um milhão de vezes. Porque para que aconteça o milagre do pão é preciso tanta coisa! Debulhar, claro, porque todos os começos envolvem uma dose de ação. Depois misturar, amassar, ficar com os braços doloridos e, finalmente, pronto? Não. Finalmente, forno. Depois de tanto trabalho é preciso que o fogo acalente a massa para que ela cresça, se multiplique e vire milagre. Se isso acontece com o pão, imagine com a nossa própria vida? Quantas vezes não desistimos no meio do caminho ou achamos a etapa do fogo desnecessária em nossas decisões? O amor que cortamos pela raiz quando começa a dar trabalho, por exemplo. Amor é beijo, abraço, declaração, mas não só. Há uma dose de compreensão, desprendimento, entrega. E para isso é preciso paciência. Não se faz milagres com pressa, horas. A paciência é uma virtude trabalhosa. 

Hoje em dia o próprio ritmo da vida se encarrega de nos empurrar para frente. Decisões, prazos, agora, já, now. Não nos damos mais o tempo de misturar os ingredientes e esperar crescer. Como vamos construir lares, relacionamentos e corações sólidos? Tudo que não tem base desmancha no ar. É isso que você quer? Sentimentos e relações voláteis, que ao menor sinal de vento se dissipam para nunca mais se reencontrarem?

Se for, tudo bem. Exclua a paciência dos seus dias. Beba o café quente e jogue fora plantas cujas folhas secaram. Se não, acostume-se a esperar um bocado. A entender que quando começa a desprender um delicioso aroma pela casa, o pão ainda não está pronto. Mas vai ficar. E quem tem paciência, tem na verdade, coragem. Boa sorte! E não se apresse. A tal felicidade não corre.

Imagem: Foto de Arturrro na Unsplash


quarta-feira, 18 de setembro de 2024

O caminho é você quem faz

 



Não saber o que nos espera pela frente pode trazer uma certa insegurança. É como ter que cruzar um caminho tomado pela neblina: você sabe que a trilha está ali, mas seus olhos, cegos pela névoa, são incapazes de enxergá-la. Nessas horas, o desespero apenas potencializa a cegueira, tornando a estrada mais sombria e dura de ultrapassar. A saída é acreditar que se é capaz de seguir usando o que lhe é mais inato: a intuição.
Para caminhar por entre a neblina é necessário aguçar a audição, o tato, sentir onde seus pés estão pisando, estar presente e concentrado. Como ferramenta, temos o conhecimento já aprendido - as inclinações, por exemplo, podem indicar uma mudança no sentido dessa estrada. Mas, acima de tudo, é preciso não perder a fé e a confiança porque uma hora a neblina se desfaz, o horizonte se torna claro e o que fica é a certeza de que é possível vencer as dificuldades sem se deixar perder.

Imagem: Foto de Katie Moum na Unsplash