Uma reflexão para o final de ano

 Como psicóloga, sei perfeitamente que para muitas pessoas, o Natal e o final do ano são sinônimos de alegria, renovação e esperança, enquanto para outras, esta época do ano é vivenciada com profunda tristeza, angústia, níveis elevados de ansiedade e padrões mentais extremamente negativos.

Libertar-se destes sentimentos não é impossível. Sendo assim, peço a todos vocês que façam um esforço no sentido de não sucumbir à dor da alma que lateja em seu corpo e sua mente.

Tentem, na medida do possível, não pensar no que gera tanta dor e angústia. Pensar no motivo da sua dor deve servir, em especial, para você entender e elaborar a situação, e não como fonte eterna de sofrimento e autopunição. Entenda que ser feliz é uma questão de atitude, esforço próprio e determinação. Não aceite como verdade que sua felicidade depende apenas de grandes acontecimentos externos. 

Busque inspiração de vida dentro de você, na simplicidade e na leveza da vida tal qual ela é, tenha amor próprio, faça uma auto avaliação positiva de si mesmo e, mesmo que ainda não tenha conquistado tudo o que deseja, valorize os seus esforços e se respeite. Lembre-se: seja no que for, só haverá mudança ou transformação, se houver Boa Vontade. De quem? A sua!

Não faça comparações de vida, ou seja, não fique comparando a sua vida com a de ninguém, use a sua energia vital para aquilo que você anseia ter e viver e pare de se martirizar. Esses comportamentos negativos o desvalorizam e o impedem de acreditar em si mesmo. 

Se você sente culpa por algo que deixou de fazer peça perdão a si mesmo e, ao invés de pensar o tempo todo no que não fez, pense no que ainda pode fazer de bom.

Se for saudade de um ente querido, faça uma mentalização e uma oração para ele. Coloque boas energias nesta saudade!

Se for frustração, pense nos ensinamentos que isso lhe deixou.

Se for sentimento de solidão e abandono, reserve esses momentos para se aceitar, para fazer uma reflexão sincera consigo mesmo, "valorize a sua própria companhia", isso faz bem para a saúde física e mental.

Se você se decepcionou com alguém, não permita que essa energia negativa tire sua paz de espírito. Aproveite o final do ano para reciclar essas emoções e sentimentos transformando-os em positivos. "A energia positiva, o prazer em viver, o amor e respeito próprios e o otimismo, geram saúde física, mental e espiritual!"

Se sofrer de ansiedade, exercite a paciência e o respeito ao tempo da natureza, e entenda que, se você já plantou a semente, a única coisa a fazer é esperar. Então, espere com calma a sua colheita! Nunca exagere na autocrítica, ela é muito nociva para a saúde.

Valorize suas habilidades e qualidades e, sempre que possível, vá corrigindo os defeitos. Agindo assim e respeitando seus limites, você estará fazendo a lição de casa corretamente.

Ser feliz é uma questão de atitude e esse gesto depende principalmente de você.

Neste ano de 2025, desejo a todos vocês o melhor que a vida possa lhes oferecer em todos os sentidos...

É preciso paciência!

 

Minha frase favorita para falar de paciência não é de nenhum pensador oriental ou ocidental. Não consta em manuais de auto ajuda. Não seria citado por um psicólogo famoso em uma palestra importante. Jamais ganharia uma tese. Porque dá para ser cantada: "Debulhar o trigo. Tirar do trigo o milagre do pão". Verso do Milton Nascimento. 

Nessa frase ele resume a virtude da paciência, essa mesma que nos falta todo dia, pelo menos uma ou um milhão de vezes. Porque para que aconteça o milagre do pão é preciso tanta coisa! Debulhar, claro, porque todos os começos envolvem uma dose de ação. Depois misturar, amassar, ficar com os braços doloridos e, finalmente, pronto? Não. Finalmente, forno. Depois de tanto trabalho é preciso que o fogo acalente a massa para que ela cresça, se multiplique e vire milagre. Se isso acontece com o pão, imagine com a nossa própria vida? Quantas vezes não desistimos no meio do caminho ou achamos a etapa do fogo desnecessária em nossas decisões? O amor que cortamos pela raiz quando começa a dar trabalho, por exemplo. Amor é beijo, abraço, declaração, mas não só. Há uma dose de compreensão, desprendimento, entrega. E para isso é preciso paciência. Não se faz milagres com pressa, horas. A paciência é uma virtude trabalhosa. 

Hoje em dia o próprio ritmo da vida se encarrega de nos empurrar para frente. Decisões, prazos, agora, já, now. Não nos damos mais o tempo de misturar os ingredientes e esperar crescer. Como vamos construir lares, relacionamentos e corações sólidos? Tudo que não tem base desmancha no ar. É isso que você quer? Sentimentos e relações voláteis, que ao menor sinal de vento se dissipam para nunca mais se reencontrarem?

Se for, tudo bem. Exclua a paciência dos seus dias. Beba o café quente e jogue fora plantas cujas folhas secaram. Se não, acostume-se a esperar um bocado. A entender que quando começa a desprender um delicioso aroma pela casa, o pão ainda não está pronto. Mas vai ficar. E quem tem paciência, tem na verdade, coragem. Boa sorte! E não se apresse. A tal felicidade não corre.

Imagem: Foto de Arturrro na Unsplash

O caminho é você quem faz

 

Não saber o que nos espera pela frente pode trazer uma certa insegurança. É como ter que cruzar um caminho tomado pela neblina: você sabe que a trilha está ali, mas seus olhos, cegos pela névoa, são incapazes de enxergá-la. Nessas horas, o desespero apenas potencializa a cegueira, tornando a estrada mais sombria e dura de ultrapassar. A saída é acreditar que se é capaz de seguir usando o que lhe é mais inato: a intuição.
Para caminhar por entre a neblina é necessário aguçar a audição, o tato, sentir onde seus pés estão pisando, estar presente e concentrado. Como ferramenta, temos o conhecimento já aprendido - as inclinações, por exemplo, podem indicar uma mudança no sentido dessa estrada. Mas, acima de tudo, é preciso não perder a fé e a confiança porque uma hora a neblina se desfaz, o horizonte se torna claro e o que fica é a certeza de que é possível vencer as dificuldades sem se deixar perder.

Imagem: Foto de Katie Moum na Unsplash